sábado, 26 de junho de 2010

Outras razões para a “ Revolta da vacina”

Marilene Silva


No começo do século XX a população da cidade do Rio de Janeiro haviam crescido muito. As condições de sanitárias eram precárias, e uma série de doenças assolavam a população; vítima do “bota abaixo” uma reforma urbana implantada pelo prefeito Pereira Passos, que demoliram velhos prédios e cortiços, e deram lugar a prédios novos, fabricas e universidades prédios públicos , com largas avenidas e jardins, essas reformas aconteciam de formas autoritárias sem se preocupar com os problemas que estavam causando a população . Milhares de pessoas foram desalojadas à força e foram forçadas ir morar nos morros e periferia formando as favelas . As reformas de urbanização no centro da cidade com intenção de abrir ruas e avenidas mais largas e embelezar a cidade .E para isso foram instituídas uma série de leis dentre elas: eram proibidas cuspir nos bondes ,ordenhar vacas nas ruas, juntar lixo nos quintais;
Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Publica, criou as brigadas de mata- mosquitos, grupos de funcionários do Serviços Sanitário que invadiam as casa das pessoas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela; o que gerou muitas queixas da população. Depois da febre amarela, o governo passou atacar a varíola, que o povo chamava de bexiga, por causa das bolhas de água que aparecia pelo corpo. O governo passou exigir atestado de vacinação para viagem, casamento, alistamento militar, matrícula em escolas públicas, admissão em empregos. Para combater a peste bubônica; um funcionário do governo iniciou o extermínio dos ratos, transmissores da peste bubônica, espalhava raticida por toda parte da cidade e pagava 300 reis por cada rato morto e mandou povo recolher o lixo, para erradicar a varíola. Essas medidas adotadas pelo governo causava enorme descontentamento na população, que ergueu barricada, depredou lojas, virou e incendiou bondes, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as tropas da policia com paus e pedras durante seis dias, deixando um saldo de trinta mortos e 110 feridos.
Até hoje os historiadores como José de Carvalho e Sidney Chalhoub, não tem certeza sobre quais foram as verdadeiras exatamente as razões que levaram a população a se revoltar. O fato é além dos motivos acima citados, o bota - abaixo e vacinação obrigatória, eles entravam nas casas acompanhado de policiais e vacinava as pessoas a força, as mulheres eram obrigadas a levantar as mangas das blusas, nesse momento era considerado uma ofensa à honra do pai ou do marido.
Outra questão que o historiador Chalhoub aponta é a religião; muitas pessoas, principalmente adeptos de cultos africanos, acreditavam que a doença se manifestava porque as pessoas tinham deixado de cumprir seus deveres com certas divindades, como Omulu, uma entidade do candomblé, que também chamado Obaluaiê, fornece os cereais aos homens, mas também pode fazer grãos pelo corpo como no caso da varíola. Se a causa era sobrenatural a cura também seria, realizadas com a realização de certos rituais. Assim as campanhas de vacinação seria uma intervenção nas decisões divinas.
Uma evidência marcante de que esse pode ter sido o motivo é fato de que, os bairros em que a resistência popular foi mais forte tinham maior número de terreiro de candomblé e onde se localizavam a maioria dos cortiços.


CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
HALHOUB, Sidney. Cidade febril - cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia Das Letras, s.d.. SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da vacina .p. (137-139).

2 comentários:

  1. Quando a classe dominante tem suas finalidades não se preocupa quem é atingido principalmente se essas pessoas pertencerem a classe menos favorecida, as vezes a não aceitação de medidas impostas gera violência e traz muito sofrimento.

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  2. SEU ARTIGO FICOU MUITO BOM, NELE FICA CLARO A SERIE DE CONFLITOS QUE OCORREU NO PAÍS LOGO APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA, CONFLITOS ESSES QUE INTERFERIU DIRETAMENTE NA VIDA DA POPULAÇAO.

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